Acidente em Piranhas, 1880

Pesquisa e texto original de Etevaldo Amorim. Este texto foi adaptado para História de Alagoas em Fotos - https://www.historiadealagoas.com.br/o-desastre-ferreo-em-piranhas-de-1881.html.

A implantação do primeiro trecho da Estrada de Ferro Paulo Afonso, com 28 km entre Piranhas e Olhos D’ Água, foi marcada por um trágico episódio.

No dia 17 de julho de 1880, entre as 11:00 h e o meio dia, partiu a máquina “Piranhas” de subida para o local das obras, rebocando cinco vagões carregados de material, dormentes e trilhos para o assentamento da via permanente.
Nos carros também iam operários, engenheiros e visitantes. O maquinista faz parar a locomotiva na linha de nível do Cipó, onde havia um depósito e aconteceria o abastecimento de água.
Esta parada ocorre no final de uma rampa de 4km de extensão. Julgando estar seguro para a manobra, inadvertida e imprudentemente o maquinista desengata a máquina num ponto em que a rampa contava ainda com um pequeno declive de 3 %.

Os vagões, com um peso de aproximadamente 35 toneladas, os carros retornam nos trilhos por uma extensão de mais de mil metros, quando um vagão descarrila, proporcionando a retenção dos demais.
É possível que nada de mais grave viesse a acontecer, não fosse outra intervenção do maquinista que, percebendo a descida os vagões, voltou com a máquina a toda velocidade na tentativa de alcançá-la.
Com houve uma parada brusca provocada pelo descarrilamento de um dos carros, o maquinista não conseguiu frear a locomotiva a tempo, que montou sobre os primeiros vagões, esmagando onze pessoas e ferindo gravemente outras três.

Escaparam ilesos os engenheiros Barcellos e Souza Reis, que pressentindo o perigo, conseguiram saltar assim que os troles começaram a descer.
Treze foram os mortos nesse pavoroso desastre. Entre eles o comerciante pernambucano Maturino Barroso e o Dr. Ferreira de Novaes. Entre os muitos feridos, achava-se ainda um seu irmão, Major João Marinho de Novaes Mello.
O Engenheiro Chefe da Estrada, Dr. Eduardo José de Moraes, telegrafou ao Ministro da Agricultura, Buarque de Macedo, relatando o ocorrido e informando que havia mandado prender o maquinista.
O Ministro, por sua vez, determinou ao Dr. Hermelindo Accioly de Barros Pimentel, 3º Vice-Presidente, no exercício interino da Presidência da Província de Alagoas (cujo Titular era o Dr. Cincinato Pinto da Silva), a adoção de imediatas providências visando a apuração das causas do acidente.

Assim, foi nomeada uma Comissão composta do Dr. Theophilo Fernandes dos Santos, Tenente-Coronel Agapito de Lemos Medeiros e Engenheiro Mecânico Eduardo Lima, todos residentes na cidade do Penedo, a fim de examinar com toda minúcia e rigor as causas do desastre.

Antônio Ferreira de Novaes Mello era filho do Major João Machado de Novaes Mello e de D. Maria José Leite Sampaio, e nasceu em Pão de Açúcar no dia 5 de dezembro de 1856. Com apenas 23 anos, já era Deputado Provincial em Alagoas, integrando as hostes do Partido Liberal.

Seu pai, o Major João Machado de Novaes Mello – Barão de Piaçabuçu, era destacado líder do Partido Liberal e chefe político daquela Região.

No dia 19 de outubro de 1880 ocorreu um conflito entre trabalhadores que construíam a via férrea e a força policial de Piranhas, resultando em dois mortos e dois feridos, todos operários. Há ainda registros de várias amputações em operários que foram vítimas das explosões durante as obras.